Tudo novo de novo. E eu estou adorando!

Você imagina o que é ser um aficionado por arte e tecnologia muito antes dos nossos computadores pessoais, celulares e tudo o que temos hoje? Era a pré-história!

Desde a infância e adolescência, eu era fascinado por novidades tecnológicas e por desafios. A vida rotineira e sem desafios é muito monótona, sem graça. A satisfação depois de superar um desafio é muito boa! Uma sensação de missão cumprida!

Ainda na infância, o futurismo do desenho dos Jetsons era algo que me fascinava.

Lembro-me de imaginar como aquilo poderia ser possível num futuro não muito distante. Chamadas com vídeo, comidas que aparecem apertando um botão numa máquina, uma babá robô, dentre outras coisas futuristas me estimulavam a imaginação. A imaginação é sempre boa e sem limite.

Apesar de sempre gostar e me fascinar por coisas ligadas a tecnologia, eu me atraía por um monte de outras coisas. Eu ficava, por vezes, me sentindo perdido sobre o que fazer profissionalmente. Era difícil escolher algo e abrir mão de outras tão interessantes.

Na adolescência, comecei a estudar violão e adorava música. Mas a verdade é eu estava muito longe de ser bom e a busca da técnica musical me pareceu obsessiva e o caminho infinito. Estudava várias outras coisas pelo caminho, como psicologia, história, astrologia, física, e por aí viajava. Mas, no fundo, o que mais me interessou de verdade foi a tecnologia aliada com algo artístico. E então, aos 19, veio a faculdade de Engenharia Eletrônica na UFRJ, por falta de algo que me prendesse de verdade.

Por ser puramente técnica, eu não me empolguei com a faculdade ou as possibilidades de trabalho que eu vislumbrei na Engenharia. Após o primeiro ano, tranquei e fui viajar para fora do Brasil por um ano com amigos.

Depois que voltei, fui num dia a um concerto do Duo Assad e fiquei fascinado como eles tocavam. Comecei a ter aulas com o Odair Assad e comecei a fazer faculdade de violão clássico na UniRio. Adorava lá! Ficava horas estudando violão nas várias salas que lá haviam. Mas depois de um tempo, vi que eu não ia me transformar num virtuoso e interrompi os estudos.

Fui terminando a faculdade de Engenharia Eletrônica sem me esforçar muito e passei por vários estágios, em empresas de perfis diferentes. Mas ainda procurava o trabalho que me identificaria mais.

Acabei pegando um estágio na recém-inaugurada TV Manchete, na área de manutenção.
Logo vi que também não era o que eu queria. Porém, ali eu finalmente tive a oportunidade de conhecer os bastidores de uma TV.

Aí eu comecei a me empolgar!

Tinha uma sala de vidro com vários equipamentos lá dentro com suas luzes coloridas e vários monitores com imagens passando neles. Aquilo me encantou. Parecia a Nasa ou uma sala de controle, do jeito que eu imaginava que iriam ser as naves espaciais. Logo fiz amizades que me levaram para conhecer o que era, na época, a ilha de edição. Lá se finalizavam os programas da emissora.

Consegui transferir meu estágio para esse setor e passei a estagiar nas madrugadas, que eram mais tranquilas para meu aprendizado. Devorei os manuais que haviam e muitos profissionais maravilhosos, que trabalhavam lá na época, foram me dando altas dicas. Muitos me incentivaram e, só para citar alguns, lembro-me de nomes como: Marivaldo Kelsch, Aldir Ribeiro, Alberto Gouvea, Francisco Abraão e vários outros…

Após estagiar por alguns meses na madrugada, sem remuneração alguma, fui contratado graças a pressão dos diretores de programas que gostavam de trabalhar comigo.

Para quem está acostumado com os softwares de edição atuais não-lineares, é difícil  imaginar como era trabalhar em edição linear.

Eram necessários dois ou três VTs enormes de uma polegada para reproduzir, um VT para gravar, listagens de edição (EDL), inserção, fusão ou wipe… Precisávamos de muitos equipamentos e tempo para realizar qualquer edição.

Se tivesse que refazer uma fusão no início, por exemplo, era preciso programar para refazer tudo o que vinha na sequência. Era extremamente trabalhoso, mas era divertido! Adorava meu trabalho e fiz muitas amizades na TV Manchete. Trabalhei com renomados diretores e editores, como: Walther Moreira Salles, Carlos Amorim, Fernando Barbosa Lima e vários outros. Foi minha grande e verdadeira escola!

VT de 1 polegada da época. Era o suprassumo dos anos 80 para reproduzir imagens.
O ADO era famoso na época por possibilitar fazer uma animação com as imagens reproduzidas pelos VTs.
Computador de edição da época.

Me desenvolvi por 3 anos na Manchete, onde fui entendendo cada vez mais sobre edição e finalização de programas de TV. Foi o primeiro campo profissional em que atuei onde eu pude juntar a tecnologia com sensibilidade artística e música.

Essa fusão de áreas era o que eu gostava.

O tempo foi passando e logo começou a virar uma rotina sem muitos desafios para mim. Foi quando me convidaram para trabalhar em uma recém-inaugurada produtora, com equipamentos moderníssimos para a época. A Tycoon.

A ilha de finalização da Tycoon era muito utilizada pela TV Globo para fazer vinhetas e aberturas de programas. Lá eu pude conhecer o grande Nilton Nunes, que sempre foi o braço direito de Hans Donner nas criações. Nesta época, 1987, comecei a ver as primeiras vinhetas produzidas pela Globo em Computação Gráfica. Eram objetos 3D que voavam no espaço com luzes, texturas coloridas e metálicas.

Me contaram que era uma empresa independente, mas pertencente as organizações Globo.

A GCG (Globo Computação Gráfica) produzia em Computação Gráfica as criações de Hans, Nilton e da talentosíssima turma de lá. Era o início da computação gráfica não só no Brasil, mas no mundo. Isto era um desafio bom!

Me lembro que passei vários dias no hall de entrada da casa onde funcionava a GCG, tentando ser recebido pelo diretor de lá, que era o pioneiro José Dias. Após alguns dias, ele percebeu minha persistência e conversou comigo. Ganhei uma chance de 3 meses, onde eu precisava mostrar se era capaz para o trabalho.

Me empenhei muito e fiquei estudando, tentando aprender tudo. Foi um grande desafio pois o sistema que havia para fazer animações em Computação Gráfica, naquela época, não tinha nada de interativo.

Era tudo procedural e tínhamos que escrever enormes scripts de programação para obter os resultados. Por exemplo: uma composição de imagens, como colocar uma sombra ou reflexo, era fruto de uma shell em Unix para executar em cadeia uma série de programas.

Após os 3 meses, consegui mostrar meu potencial e fui contratado. Na GloboGraph (novo nome da GCG), realizei inúmeros trabalhos como: Tela Quente, Domingo Maior, vinhetas com a marca da TV Globo, além de comerciais que fazíamos para o mercado publicitário.

Fomos os dinossauros da Computação Gráfica! Aprendi muito nessa época, ganhei a base de tudo que produziria nas décadas seguintes.

Vinheta Tela Quente de 1988

Desde sempre eu garimpei meu terreno com poucos recursos, mas com muita criatividade.

Na Graphium, fizemos inúmeros trabalhos para o mercado publicitário e muitas vinhetas para a estreia da Globosat. Fomos a única produtora brasileira a ter trabalhos no rolo demo da Autodesk no início dos anos 90.
Comecei a desenvolver trabalhos de Efeitos Visuais usando os poucos recursos que tinha na época.

NET Brasil (1993)

Rede Brasil  TVE (1996)

Telefuturo (1997)

Rede Matogrossense de Televisão (1998)

Hospital einstein (2003)

Plimplim (2004)

MEC (2008)

CNC (2009)

Brookfield (2011)

Em consequência ao trabalho que vinha desenvolvendo, em 1992 a Central Globo de Produção me chamou para encarar um novo e pioneiro desafio: começar a utilizar a Computação Gráfica para a realização de Efeitos Visuais para a dramaturgia da TV Globo.

Eu teria mais recursos tecnológicos para brincar. Topei e comecei a trabalhar na TV Globo junto a minha empresa.

Começamos a fazer uns estudos para a novela Mulheres de Areia e logo apareceu um projeto que estava engavetado – pois até então não havia como produzir: a minissérie Agosto, ambientada no final da Era Vargas.

Haviam cenas no Palácio Monroe, que já havia sido demolido. Cenas no Palácio do Catete, que estava em estado deplorável. Cenas na orla do Flamengo, antes de haver o Aterro. Tudo isso sem falar da dificuldade de produzir as cenas do atentado ao Carlos Lacerda, na rua Tonelero.

Fui dando as soluções junto ao grande diretor da série, Carlos Manga, e supervisionei a primeira produção com Efeitos Visuais da TV Globo. Houve muita repercussão na época à Agosto.

Em seguida, o autor Aguinaldo Silva se empolgou com os Efeitos Visuais e fizemos Fera Ferida, em 1993. A novela tinha personagens virando ouro, aurora boreal na cidade, luas imensas, personagem levitando, entre outras cenas mirabolantes.
Lembrando que, mesmo pilotado pelo mestre Taulio Mello, o HAL (equipamento de ponta da época) não possuía os mínimos recursos que temos hoje. Era tudo bem mais complicado de viabilizar.

O tempo foi passando e consegui executar muitas ideias que tinha em mente, colocando muitas coisas em prática.

Na TV Globo, ao longo dos anos, fui supervisor de VFX (Efeitos Visuais) de 19 novelas, 11 minisséries e vários programas na linha de show e variedade.

Indo mais além, o sorteio das chaves para a Copa de 2014 da FIFA foi outro ótimo desafio para mim. Fiquei responsável pela programação visual dos vários telões, que foi transmitido ao vivo para mais de 130 países e, aproximadamente, 500 milhões de telespectadores.

Fera Ferida (1993)

Beijo do Vampiro (2001)

Hoje é Dia de Maria (2005)

Saramandaia (2013)

Evento FIFA (2013)

Agora, olhando para o mundo, tinham as novidades que eu via sendo lançadas no mercado de tecnologia. Fiquei fascinado com a Apple e essa história de aplicativos na App Store. O iPhone 3g foi totalmente revolucionário, adquiri um assim que foi lançado, em 2008.

Graças ao fascínio, inventei que queria desenvolver apps. Estudei a linguagem Objective-C e em 2012, lancei, na App Store, meu primeiro app. O Simple Timecode, uma calculadora de timecode para editores de vídeo.

Em 2015, comecei a matutar novas ideias para aplicar e inovar no cotidiano. Uma delas foi a Realidade Aumentada. Foi fácil avistar como essa inovação traria vários benefícios para o cotidiano.

Dessa forma, um novo leque de possibilidades de trabalho foi se abrindo para mim.

Porém, em 2016, comecei a cuidar de toda a dramaturgia da Globo e o trabalho se tornou muito burocrático e pouco criativo. Estava só vendo números e “tomando conta” do trabalho alheio. Estava perdendo o prazer imenso que eu tinha no trabalho pois não produzia nem criava mais. Sentia falta da novidade, da inovação, da pesquisa…

Queria me dedicar a coisas novas para serem agregadas na vida das pessoas, para melhorar e facilitar a vida delas. Gosto de novidades, estou sempre investindo em tecnologias que podem ser aplicadas no cotidiano e arranquem aquele “UAU” em quem vê.

Eu sempre corri atrás disso e agora não podia ser diferente!

Desenvolver apps, trabalhar com realidade aumentada e virtual, holografia, novas formas de interatividade… isso tudo é fascinante pra mim!

Agora em 2019, de forma totalmente autônoma, eu quero me aprofundar nestas e nas futuras tecnologias que estão surgindo.

A Realidade Aumentada é algo que impressiona qualquer pessoa e é um ótimo atrativo para impulsionar vendas. Não há nada como surpreender positivamente os clientes. Com ela, um cliente pode desejar adquirir um produto que, no momento, pode estar ausente e, graças a R.A., ter uma experiência virtual com este produto próxima da realidade.

Imagine isso numa concessionária de carros, por exemplo.

Ou em uma feira de exposição onde seus produtos ficam pairando sobre as pessoas. É muito divertido. As pessoas tentam tocar, querem mexer e ficam com aquela expressão que tanto gosto, de “uau”!

Eu gosto de imaginar um futuro onde a tecnologia está sempre ajudando as pessoas em seu dia a dia. E, para alcançar esse futuro que imagino, eu preciso me movimentar no presente.

Infelizmente, muitas pessoas fazem mal uso da tecnologia. As usam para cometer maldades e muitas coisas ruins para a sociedade em geral. Mas, eu acredito fortemente que o bom uso da tecnologia pode melhorar muito a nossa qualidade de vida.

Não só acredito, mas sempre tenho a oportunidade de ver acontecer. Ainda bem!

Sou um entusiasta na vida e quero que as pessoas aproveitem o que a tecnologia tem a oferecer para facilitar a vida e torná-la melhor em termos gerais.

Quando comecei era tudo muito primitivo. Agora tem um monte de coisas ao nosso alcance. Mas calma que, se depender de mim, haverão muitas novidades para melhorar a nossa vida e cotidiano.

E se você ama tecnologia como eu e quer estar por dentro das novidades que ela tem para tornar nossa vida mais fácil, prática e divertida também, não deixe de acompanhar meu blog e seguir minhas redes sociais.

Trabalhar trazendo para a realidade das pessoas o que há de mais moderno sempre foi minha especialidade e não pretendo parar tão cedo.

Abraços!

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