Uma pitada de Tecnologia: de Thomas Edison a Realidade Mista

King Kong (1933)

Os Dez Mandamentos (1956)

Star Wars (1977)

Forrest Gump (1994)

Avatar (2009)

Blade Runner 2049 (2017)

Se você ama filmes, séries e novelas ou todo esse mix, você ao menos imagina a importância da computação gráfica na produção dos efeitos visuais (VFX – Visual Effects).

Ela dá asas e forma à nossa imaginação, mostra diante dos nossos olhos que cenas que pareciam impossíveis de serem produzidas, podem se tornar “realidade”.

Além, é claro, de ser primordial para esconder do telespectador aqueles detalhes no ambiente que não podem ser modificados, mas precisam “sumir” para não atrapalhar a composição da cena.

O primeiro uso de efeitos especiais foi registrado em um curta de 1895, “The Execution of Mary Stuart”, produzido por Thomas Edison. A cena era a decapitação da rainha. Ao se ajoelhar e posicionar sua cabeça para ser executada, a atriz é substituída por um manequim que foi colocado em seu lugar.

Depois, várias técnicas de efeitos visuais foram desenvolvidas pelo mestre e pioneiro Georges Méliès, como o clássico Viagem a Lua de 1902.

The Execution of Mary Stuart (1895)

Viagem a Lua (1902)

Tudo isso quase um século antes dos recursos de computação.

Por ser tão relevante para criações de todo tipo, os efeitos visuais estão sempre sendo aprimorados, aperfeiçoados e inovados. Mas os conceitos são antigos como nos filmes de Méliès. O que temos agora é a evolução das ferramentas com o uso da Computação Gráfica para se criar um mundo virtual.

E muitas vezes é este “mundo virtual” encantador e impactante que ajuda a enriquecer as histórias e as tornam memoráveis.

Vencedores do Oscar de Efeitos Visuais (1929-2018)

A História e a evolução dos efeitos invisíveis (aqueles que devem passar despercebidos)

Um pouquinho antes da década de 90, aconteceu o verdadeiro “boom” da Computação Gráfica para a TV e publicidade. Em 1987, comecei a desenvolver meus primeiros trabalhos envolvendo computação gráfica na GloboGraph (o nome inicial da empresa era GCG, mas todos confundiam com CGC e o nome mudou para GloboGraph).

Fazíamos mais vinhetas, logos voadores e objetos em 3D. Contudo, a animação de personagem em 3D ainda era algo bem complexo de se fazer. Não havia cinemática inversa e só era possível rotacionar os eixos.

Na GloboGraph, usávamos computadores enormes (VAX e Ridge), que ocupavam uma sala inteira, rodando Unix. Os softwares eram desenvolvidos pela equipe de desenvolvimento, que só tinha fera: Luiz Velho, Jonas Gomes, Carlos São Paulo, Claudia Alvarenga, Rogerio Ponce e Sonia Barbosa.

Aliás, é bem interessante a história de como a TV Globo foi mundialmente pioneira no início da Computação Gráfica para entretenimento. O visionário José Dias realizou uma parceria de desenvolvimento com os fundadores da PDI (Pacific Data Image), que ficava na Califórnia. A PDI se tornou uma renomada produtora de Computação Gráfica. Anos mais tarde, a PDI foi comprada pela Dreamworks.

O sistema que havia para fazer animações em Computação Gráfica, naquela época, não tinha nada de interativo. O procedimento era muito trabalhoso, tínhamos que escrever enormes scripts de programação para obter os resultados. E eu amava esse trabalho todo!

Exposição Videographics de 1989

Em 1990, comecei minha produtora Graphium contando com um turbinado computador AT, com monitor de fósforo verde. Mas, o que possibilitava criar as imagens coloridas e jogar para vídeo, era uma placa Targa. A saída de vídeo era ligada a um VT Betacam e um monitor profissional de vídeo da Sony. Maravilha da época!

Para gravar uma animação, era preciso um aparelho controlador de VT. Precisávamos gravar quadro-a-quadro. Cada frame era exibido na placa Targa e o aparelho marcava uma edição de 1 frame para o VT gravar. Era assim para cada quadro, então para ver uma animação de poucos segundos, demorava-se muito.

Sem falar no astronômico tempo de renderização que o Topas gastava, primeiro software 3D que usei para PC.

Além dele, tinha também o Tips, software de pintura e o QFX, software de processamento de imagens da época que possibilitou as primeiras composições de imagem. Para isso, era preciso montar um batch em DOS para fazer a composição de uma sequência.

Mas até que deu para fazer milagres com estes recursos tão limitados.

Foi uma revolução quando a Autodesk lançou o 3ds Studio para DOS. Foi o primeiro software de 3D que dispensou a placa Targa, que era muito cara, na renderização. Dessa forma, se aumentou bruscamente a capacidade de produção em 3D.

Com esses recursos deu para produzir muita coisa usando a criatividade.

3D Studio para DOS

Era muito complicado e tedioso fazer uma composição de imagens escrevendo arquivos batch com linhas de comando. Hoje, temos vários softwares disponíveis focados em composição de imagens, tais como Flame, Nuke, Fusion e After Effects. Eles simplificaram muito todo o processo.

Aliás, quando vi pela primeira vez um software de composição rodando em um PC, fiquei empolgado e logo comprei. Era o Fusion para DOS, antes da existência do Windows como sistema operacional.

A vida pós Apps

Os aplicativos se tornaram realidade graças a Apple. O primeiro celular que tinha uma loja de aplicativos, foi o iPhone 3g. Fiquei encantado com as possibilidades de ferramentas que as pessoas teriam com este aparelho em seus bolsos. Com ele, podíamos jogar, editar documentos, ouvir música, assistir vídeos, afinar violão e ainda usar como telefone. Era incrível!

É fato sabido que, atualmente, temos muitos aplicativos (apps) para usarmos em nosso dia a dia. Várias marcas desenvolvem apps para dar algum tipo de agilidade aos seus clientes e aumentar suas chances de fidelização. Também existem vários desenvolvedores que buscam sempre criar soluções para facilitar o cotidiano das pessoas de modo geral.

Ao ver essa cultura tecnológica emergindo, logo fiquei curioso e ávido. Consecutivamente fui desenvolver algo!

O primeiro aplicativo que desenvolvi, em 2012, seguiu justamente o propósito de facilitar o cotidiano que me era mais familiar. Sempre sentia a falta de uma calculadora de timecode e um conversor de timecode para frames. O Simple Timecode foi desenvolvido para facilitar a vida de editores, videomakers e profissionais de videografismo.

Para desenvolvê-lo, eu aprendi a utilizar a ferramenta de desenvolvimento que a Apple disponibiliza até hoje, o XCode, e a linguagem de programação Objective-C, que era a única para criar os apps para iOS, na época. Mais tarde, a Apple desenvolveu outra linguagem de programação, Swift, que também passei a usar no desenvolvimento de outros apps.

A inovação da Realidade Aumentada e Mista

Os avanços tecnológicos e a maneira como consumimos os apps faz a R.A. (Realidade Aumentada) garantir seu espaço e abrirá alas para a Realidade Mista.

A R.V. (Realidade Virtual) traz uma sensação de imersão. A pessoa coloca os óculos de R.V. e é transposta a um outro mundo virtual sem ligação com o mundo real.

A Realidade Aumentada veio integrar elementos virtuais com o mundo real através de câmeras. Estes elementos ou informações virtuais devem estar “trackeados” na imagem real para parecer que realmente estão ali.

A Realidade Mista é uma evolução da R.V./R.A.. São óculos que você coloca e vê o mundo real a sua volta com os elementos virtuais inseridos, como na R.A.. Já estão sendo lançados vários óculos com esta tecnologia, como o Hololens 2 e o Magic Leap, e esta tecnologia será cada vez mais popular nos próximos anos.

Hololens 2

Angry Birds em Realidade Mista com óculos Magic Leap

Magic Leap

Óculos de Realidade Mista

Estas tecnologias estão aí para trazer novas experiências ao usuário e revolucionará a forma de vender um produto. Será muito mais fácil mostrar e experimentar o que se está oferecendo.

Pude acompanhar o nascimento e desenvolvimento dos efeitos visuais para a TV, filmes, novelas e séries. Graça a isso, fui um dos pioneiros na arte da Computação Gráfica no Brasil e tive o privilégio de entregar criações muito inovadoras para a época.

Hoje, desenvolvo apps sempre pensando na sua aplicação no cotidiano e como eles podem transmutar a realidade de forma positiva para várias pessoas. E, ainda seguindo essa mesma filosofia quanto ao uso da tecnologia, busco me atualizar e saber todas as nuances da Realidade Virtual, Aumentada e Mista. Também estou antenado no que está para surgir.

A evolução dos efeitos visuais, germinou várias sementes de criatividade. Temos cada vez mais recursos, então “só” precisamos de muita criatividade e colocar em prática.

Clique aqui para conhecer algumas ideias criativas que coloquei em prática.

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